Era tarde da noite e estava tudo no seu devido lugar, quando uma borboleta preta de mais ou menos 2 metros invadiu a sala e fez morada no banheiro do apartamento.
Quando a janela foi aberta pra que ela fosse expulsa, uma chuva de canivetes tomou conta de tudo e um monstro gigante que atendia pelo nome de insônia , derrubou as paredes de casa e tomou conta de mim e de todo o resto.

***

Era um domingo de setembro, e enquanto eu me arrumava pra sair, ele puxava papo. Eu nem sabia quem ele era e, sinceramente, não me interessava muito descobrir.
Entre uma conversa fiada e outra, troca de sms e "Mensagens Diretas", um dia a gente acorda e percebe que nem só da invasão de insetos é que persiste a vida.


***

Quando já era de manhã, eu acordei e a borboleta que eu tinha desistido de colocar pra fora durante a noite, havia ido embora por conta própria.
Ele também.
Fato é que, mesmo sem ser convidados, permaneça por uma noite ou alguns meses, abrir mão, dói.
No fim das contas, já sinto saudades de todo o estrago que a borboleta provocou.

p.s. todo ano tem primavera


" Dentro do lugar que eu mais gosto do mundo, tem um lugar, um outro lugar onde eu fujo quando eu preciso. Um lugar que é meu desde criança.
Tem uma pedra grande onde o mar geralmente bate bem manso. É de lá que eu sei que as coisas vão melhorar, e que apesar de os caminhos serem muitos, as escolhas são minhas.
Lá é longe, por enquanto é longe, enquanto eu ainda moro aqui, e quando não dá, eu fingo que estou aqui, e isso me acalma"
Texto "emprestado" da linda Rita Wainer.
Mas bem que poderia ter sido escrito por mim.


Eu ousaria completar: Nas ruas que são de pedras, a alegria habita em cada canto.


Vai chegar um dia, em que eu vou viver de carnaval.


E você vem junto.






Quantas vezes parados na rua, bem perto da sarjeta, fizemos planos, elucubramos sobre a vida, o viver e o futuro?.
Sentados na calçada, ou subindo e descendo a Augusta, indo de uma ponta a outra da Paulista, eu já até perdi as contas de quantas vezes nos confundimos. Nas histórias, nos desejos e nos sonhos. Seja uma tarde em Paris ou uma temporada de frio em Londres. Passado tanto tempo, eu hoje parei de contar as horas, larguei o freio de mão e engatei a primeira. É bom, ainda que perigoso, viver sem paraquedas, sem rédeas e sem saber o que se trata à tal da satisfação.
Tudo isso, porque na noite de ontem, parados em frente àquela balada ( que não vem ao caso dizer o nome) nós revivemos os tempos de colégio, matamos baratas ( vc matou) e contamos as estrelas.
Parados na rua, mais uma vez, nós ficamos até tarde da noite, contando histórias, inventando mentiras sinceras e brincando de faz de conta.
Parados na rua, ontem, nós entramos no primeiro boteco que encontramos ( tudo bem, foi o segundo) pedimos uma porção de frango à passarinho salpicada com alho poró, e eu com a minha Heinecken e você ( sempre tão fina) com a sua latinha de Coca-Cola fizemos foi festa.

Na cidade de São Paulo, as coisas são imprevísiveis. Assim como eu você. E o dia que acaba de terminar...

Talvez não caiba a mim encontrar o paradeiro do romance perdido. É que ele não me escapou pelos dedos desatentos, não está ao relento entre o meio-fio e os carros , não se esvaiu junto às memórias de uma madrugada ébria. Me corrói por dentro cogitar a hipótese de que talvez jamais tenha, de fato, existido aquilo que tenho procurado. Me corrói cogitar que, talvez, tudo o que eu tenha vivido não tenha passado de um breve devaneio, ou quem sabe, apenas uma licença poética. Me perfura o estômago a constatação de daquelas coisas que, mesmo assumidamente prováveis e esperadas, eu- ingenuamente- negava até o fim que pudessem acontecer . E acontecem.
Viva o seu romance. Viva o seu último romance.


O tempo das pessoas é diferente, e a certeza ( ou a falta de) sentimentos tb. O mundo segue girando e um dia você levanta um minuto mais cedo. Podem ser 3 horas tb. É domingo e faz frio. Domingo é sempre domingo, seja aqui ou em Paris. A melancolia está na sala de estar- Sem sequer ter sido convidada. No sofá, um deles joga video-game desesperadamente, como se fossem as últimas novidadades tecnológicas do milênio. Um toma banho, depois de ter terminado uma faxina neurótica e incansável. Alguém abre a torneira na cozinha. (sic)
E eu aqui, sempre (tão) Eu.
Tão à par de tudo e de todos, tão disposto e invencível ( até quando ?!)
Faz frio lá fora. E aqui dentro não é diferente!
Já faz tanto tempo que eu moro aqui, mas na mesma casa que derrubamos o teto da sala pra contar as estrelas, as pessoas tb praticam a não-sociabilização.
E isso me soa tão estranho. Estranho aliás é a sensação de morar com desconhecidos, sabe?!

Eu sei!

Ele e Eu


Somos do interior
Ele do interior de SP e eu do interior da minha cabeça
Eu não dirijo e acho que Ele tb não.
Ele trabalha em shopping e Eu já trabalhei.
Ele é tímido e não gosta de vender (ou se vender, como queiram)
Eu tb não gosto e pra sobreviver, deixei a timidez de lado.
Eu amo The Strokes, The Killers e Copacabana Club. Ele ama Bjork
Eu tenho uma frase tatuada no braço direito* e Ele no braço esquerdo.
Ele fuma, cigarro e outras coisas. Eu bebo e não é pouco. Assim eu alcoolizo a vida e o mundo samba na minha cabeça.
Eu não sei o signo dele e nem Ele o meu.
Gostamos de filmes-arte.
Eu de Trainspotting e Ele de Party Monster.
Ele se esconde do mundo através do óculos de sol ( um wayfarer legítimo) e Eu através da miopia e os meus quase 2 graus.

e ainda que não sejámos alma-gêmeas;
e ainda que os opostos se atraiam; e
ainda que...

nós não vamos ficar juntos no final.
* ironicamente ou não, a tatoo que eu tenho no braço revela: Pois de tudo fica um pouco!

Certamente.



Mas ele aprendera (ainda que com muito custo, é verdade) que onde tem tchau, tem também olá. E que os adeuses duram só até próxima curva...


Qualquer semelhança não é mera coincidência ou Eu trocaria a eternidade por essa noite que passou (vulgo, Você não soube me amar).

Aqui em casa tem se usado ser mais feliz. A gente acorda a hora que quer e vai deitar só a hora que o sono chega mesmo. E isso sem a menor culpa.
Aqui em casa tem se exercitado, ultimamente, o desapego. A gente faz troca de roupas, de objetos de valor sentimental e assim tem feito a energia circular.
Aliás, por aqui, paramos de tentar entender a vida e temos vivido descompromissadamente mais felizes. Aqui em casa, a gente não promove almoço ou grandes reuniões ao cair da tarde, mas sempre que possível a gente prepara um café da manhã caprichado e convida os amigos para botar o papo em dia.
Aqui, nestes tempos em que prometemos a descatralização da vida: gentileza; calma e prazer dão o ritmo das nossas emoções.
Aqui em casa, já não tem espaço pra gente chata ou de mal com a vida. A gente só trabalha com aquilo que nos faz bem e em noites de frio a gente acende uma fogueira na sala de estar. Aliás, o teto da sala foi demolido. Aqui em casa, tem se usado contar as estrelas para dormir.
Aqui em casa, tem se ouvido boa música; a gente tem respeitado os horários das refeições e a televisão hoje, é apenas objeto de decoração(kitsh) para a casa. Melhor assim.
Aqui em casa, temos estourado pipoca com a tampa da panela aberta; treinado o sopro das vuvuzelas para os dias de jogo da seleção e acreditado mais na vida.
Aqui em casa, a gente sonha acordado e de pé, até mesmo na fila do pão...


Tarde de noite e as coisas não mudam.

Eu continuo sem sono e sem idéia do que fazer com a minha falta de...

Ainda que eu esteja acompanhando ( sozinho no meio de uma multidão), os pensamentos continuam a mil.

Madonna me faz cia. quase todas as noites, e Cat Power continua me emocionando. Desde que eu comecei à ouvi-la tem sido assim, e acho que ainda vai continuar por um bom tempo.

As saudades já não me acompanham tanto como antigamente, mas mesmo assim eu continuo a sofrer do meu transtorno: o da saudade antecipada. Daquilo que ainda não veio, mas que só de imaginar já me causa receio de que um dia se vá.

O meu trabalho cada vez me deixa mais realizado; eu acho que eu ganho exatamente o que eu deveria ganhar, trabalho exatamente aquilo que o meu corpo suporta e ainda encontro disposição pra me aventurar nas noites frias de São Paulo.

Eu continuo lendo revistas desesperadamente, sonhando acordado e dormindo em pé.
Ainda sonho com o dia que vou dividir os corredores do meu apartamento com um bulldog inglês e com o dia em que o sol vai invadir a sala de casa...

Eu comigo mesmo e o meus pensamentos todos...

Já é hora de dormir e a minha cabeça à mil: tudo por causa dele. como pode né?!
enfim,

já diria o poeta: vou escrever outro soneto, um retrato em branco e preto à maltratar o meu coração.

Não é melancolia. É a vida como ela é. Em verde e amarelo é claro!

p.s. À quem interessar; eu digo que FICO!




a (in) sustentável leveza do Ser.


"Se eu fosse
um pássaro eu
queria sesse um urubú,
porque ninguém
nunca
ia me prender
numa gaiola".

Na mesa ao lado, Ele e Ela decidiam quem pagaria a conta.

Por descuido ou não, mal sabiam eles que o amor não se compra.


Acabou o nosso carnaval. Saudades e cinzas foi o que restou.





Que tipo de árvore suportaria minha casa, diria ele. E os meus sonhos?

Depois de tudo, de tanta chuva, alguns arco-íris e uma sensação aguda de que o futuro ainda não começou ( pudera. argh) , vem a bonança ou apenas uma constatação de que a vida segue, tendo pipoca ou não para estourar.

É um começa e para interminável, que parece nunca ter fim, mas não sei nem porque eu reclamo; foi sempre assim...
enfim, eu não gosto de lamentar o leite derramado assim como tb não gosto de remoer águas passadas.
Já diria ele o passado passa, mas não morre nunca.
No fim das contas, tenho eu a conquista maior até agora de 2010: Um protetor poderoso contra tormentas fora de hora. Ou seria apenas a minha capacidade de otimismo sendo exercitada bem antes que se termine o ano, e com ele venha aquela necessidade quase inseparável de acreditar que better day will come?!
Pode ser que sim, pode ser que não.
Só sei que de tudo isso, eu hoje sei mais claramente que é impossível ser feliz pra sempre.
Mas sempre que puder quem sabe?

...



Você veio, e eu que pensava que não ia me apaixonar nunca mais na vida!

e a vida. dezembro já se foi e de repente deu passagem à janeiro. Logo fevereiro emerge pelas ruas da cidade e grita: saí da frente que eu vou passar com a minha alegria. Eu quero é mesmo, um bloco de rua cheio de emoções na minha vida. 2010 já raiou e eu nem ouvi os estrondos de rojão. Cadê. Cadê a emoção. Eu quero mais sorrisos este ano. Aliás, este é definitivamente, o ano do quero mais, mas ultimamente a vida tem tido tão pouco à me oferecer.
Eu tô saindo da "casca" cada vez mais. Cada dia mais. De repente, tão mais que de repente o menino prodígio das artes cênicas, virou homem. Encantado eu estou diante de tantos acontecimentos.
Quer saber, eu não quero muito. Aliás, quero tão pouco.
Eu quero paz e arroz, o amor é bom e vem depois...
Fim... ou seria apenas o começo?

Amo uma brisa macia, intensa, passageira.
Gosto de passageiros.
De passageiros, da incerteza e de um possível final feliz.
E será, sempre vai ser. Ficando ou não.
Gosto dessas coisas impalpáveis.
Vento, imensidão, liberdade, pensamentos, barulhinhos, olhares...
Gosto disso e de mudanças.
De mudar e ser mudado.
Adaptações, reciclagens, faxina.
Continuo com essa estranha mania de achar que o ser humano, apesar das restrições da essência, é completamente moldável.
Alguns em especial, talvez.
Não sei se somos porque queremos ser, se somos por uma fase, se é golpe do inconsciente... se esse ser é só teste, se é fuga, se é coragem, se é vontade, se é de vingança, de luz, de amor, de pirraça, por ignorância, desejo, inconstância, comodismo ou por malandragem.
Não sei se somos um ou muitos.
Quantos seriam esses seres?
Tampouco sei o quão nos controlamos, o quanto nos é privado, se realmente nos transformamos, se nos perdemos...
Mas eu realmente gosto dessa idéia de ser, gosto mesmo.
Ser de vida, ser da vida, de deixar a vida ser.
2010, será uma exclamação!

Quem sou eu

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"...De todos, é o filósofo que se diz cansado das dúvidas. Não se canse, (quantos defeitos sanados com o tempo eram o melhor que havia em você?) você ainda é o que há de certo em mim. Os beijo, os abraços certos. A paixão desmedida, a subversiva autoridade de ser e viver o que se é, no mundo colorido e sem dor. COLORIDO, serás sempre meu mamulengo das risadas inacabadas, que chora de dor e mora na rua do amor. " Tato por Arielle
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